A liderança e a Sustentabilidade.

Sergio Lopes, coach, consultor e idealizador da “performance total”.

A liderança e a Sustentabilidade

por Sergio Augusto Lopes em 26 de agosto de 2020. Brasil

 

Liderança é um tema muito amplo. O tema sustentabilidade desde há muito tem sido pauta necessária e presente nas discussões estratégicas de negócios e, portanto, parte integrante e fundamental do perfil do líder. Engajamento, compromisso, responsabilidade, exemplo e ação são posturas exigidas para um líder socialmente responsável. As lideranças precisam ser protagonistas desse processo, representando instituições sejam públicas ou privadas de qualquer natureza ou setor.

Infelizmente, penso que ainda existe muito discurso e poucas ações práticas sobre sustentabilidade, principalmente por parte das lideranças políticas em todo o mundo. Pagaremos um alto preço como sociedade caso essas lideranças nocivas não mudarem seus valores e atitudes diante do tema.

Existem diversos estudos muito sérios publicados por organizações de respeito (WEF, PwC, EY, Mckinsey, etc) que demonstram com fatos e dados que o cuidado com o meio ambiente é, do ponto de vista econômico, financeiro e estratégico, fundamental para a sobrevivência e competitividade das empresas. Empresas e seus líderes não gostam de rasgar dinheiro. De perder valor de mercado. De perder clientes e ter seus produtos e serviços questionados por eventuais danos ao meio ambiente. Portanto, não se trata apenas de como promover a transição. Isso é mandatório! Trata-se de quando isso deva acontecer. E quem ainda não começou, já está muito atrasado.

 

“Um líder é o melhor quando apenas se sabe que ele existe. Não tão bom quando adorado, ruim quando temido, pior quando odiado. Mas, de bom líder, quando seu trabalho estiver terminado, sua obra concluída, todos dirão: fomos nós que fizemos.” Lao Tsé

 

É fundamental o líder como exemplo nas questões da sustentabilidade e do meio ambiente. Imagino que de nada adianta um discurso bonito de preocupação por parte da organização e o líder, na sua casa, por exemplo, não adota as mais simples medidas de respeito ao meio ambiente.

Quando abordamos a posição dos pais e mães na sociedade, de novo nos vem a questão do exemplo em ações práticas e não apenas em discursos.

Por outro lado, acho que existe um sentido inverso: hoje me parece que são as crianças e adolescentes que estão mais engajados nas questões da sustentabilidade por um mundo melhor no futuro, já que eles são o futuro. Como adultos, precisamos de humildade para aprender com as novas gerações, sobretudo nas questões do meio ambiente.

Quanto aos professores e educadores, o poder de influência é enorme. Porém, eles precisam antes de tudo aprender um pouco mais sobre sustentabilidade e meio ambiente para poder “ensinar” nossos jovens e esse é um ensino de atitude e comportamento e não apenas “faça isto e/ou não faça aquilo”.

o cenário político brasileiro

Competência é um conceito que engloba conhecimentos, habilidades e atitudes. Me parece que para uma grande maioria dos políticos brasileiros faltam os 3 elementos. Demonstram desprezo pelo conhecimento científico de organizações que estudam a deterioração do meio ambiente.

Falta habilidade para alinhar interesses econômicos, políticos e da sustentabilidade. E não têm atitudes pessoais e institucionais de respeito e preocupação com a destruição do meio ambiente.

As diferenças que existem entre um bom e um mau líder são determinantes no que pode acontecer ao meio ambiente.

Do ponto de vista do bom senso e da realidade dos fatos, não há como negar a deterioração das condições ambientais.

Líderes minimamente conscientes e responsáveis ajudam a evitar catástrofes ambientais ainda maiores. Já líderes que colocam os interesses econômicos acima do respeito ao meio ambiente provocam tragédias que poderiam ser evitadas (vide Vale em Brumadinho).

Certamente temos muitos exemplos de lideranças empresariais que tem boas iniciativas e ações de sustentabilidade. Citar nomes pode ser restritivo, uma vez que o tema tem uma infinidade de variações nas questões do respeito ao meio ambiente.

alimentos orgânicos

Consumimos em casa notadamente alimentos in natura e alguns industrializados no conceito orgânico. Porém, devo confessar que ainda é um consumo pequeno, que pode aumentar na medida também da oferta pelos produtores. Sabemos que o orgânico ainda apresenta um custo um pouco mais elevado.

Mas é claro que é preciso entender que gastar um pouco mais hoje com esses produtos, garantirá mais saúde no futuro.

Penso que vale a pena!

Como leigo, mas consumidor, penso que os produtos orgânicos pela sua natureza são mais saudáveis do que os “tradicionais”.

Por bom senso, ainda que não existam estudos conclusivos sobre os impactos negativos dos agrotóxicos na saúde humana, se for possível não consumir certamente deveríamos fazê-lo.

Pelo simples fato de que estamos efetivamente destruindo o planeta, é importante atuarmos de forma responsável para com o planeta. Se esse argumento, mesmo com alguns exageros de alguns ambientalistas, não é suficiente, o que seria?

A pandemia expôs a fragilidade do ser humano às condições mais diversas do meio ambiente.

Esse vírus e tantos outros estão “por aí” habitando o planeta e dividindo a superfície com o ser humano. No tratamento da pandemia e de todas as implicações presentes e futuras, a presença da liderança é fundamental e vimos aqui no Brasil quão nefasta é a ausência da liderança e/ou a negação do problema.

Isso vale para a atual crise, mas também para a permanente crise em relação à destruição do meio ambiente.

Líderes políticos e empresariais negacionistas e reducionistas dos impactos da pandemia e da destruição do meio ambiente, colocam em risco o futuro da humanidade.

Infelizmente, o povo brasileiro ainda é ignorante em conhecimentos básicos (língua portuguesa, matemática), o que dirá em relação à consciência ambiental.

Mas, não sejamos totalmente pessimistas: algumas ações ainda que isoladas podem nos ajudar a superar a ignorância.

os loucos geram mais resultados

Este nosso livro trata de profissionais que são acima da média. Que entregam os melhores resultados que podem fazer, em qualidade e quantidade. Lá abordo as principais características, comportamentos, competências dos “loucos”.

Penso que momentos como o que estamos vivendo precisam desse tipo de gente.

Gente que acredita que podemos sim ter a vacina para a covid-19 em tempo recorde, questionando parâmetros tradicionalmente definidos pela ciência.

O mesmo vale para o meio ambiente.

Precisamos desses “loucos” para ajudar a resolver as questões do aquecimento global, da destruição das florestas, da redução do uso de agrotóxicos.

Precisamos desses “loucos” como tantos que já tivemos na história da humanidade.

Livro Os loucos geram mais resultados, Luis Paulo Lupa e Sergio Lopes. Editora Resultado.

 

Tenho dois recados diferentes: um mais ligado a liderança de pessoas neste momento de pandemia e início de retorno de atividades e outro sobre o meio ambiente. Vamos lá:

Neste retorno ao “novo normal”, depois de todos os impactos conhecidos ou não sobre a saúde física e mental e sobre a segurança psicológica das pessoas, as lideranças também tem que usar alguns protocolos importantes, para uma retomada com cautela e humanidade.

Destaco cinco protocolos que podem ser seguidos por um líder.

O primeiro deles é a consideração, sendo importante que o líder se posicione diante das pessoas e considere que todos estão em um momento de insegurança e incerteza.

O segundo é a esperança, sendo necessário ter sempre uma perspectiva positiva do que pode acontecer amanhã.

O terceiro é a compaixão, no sentido de entender o que as pessoas estão passando, apoiando e acolhendo.

Encarar de frente a vulnerabilidade pessoal e do outro é o quarto protocolo, já que em tempos de isolamento social, as pessoas tendem a ficar mais vulneráveis e inseguras em relação à saúde física e, principalmente, à saúde mental.

E todas essas atitudes precisam ser feitas com gentileza. Gentileza é compreender a natureza humana com base nos quatro protocolos anteriores e genuinamente cuidar e estar à serviço do outro.

Em relação ao meio ambiente, quero destacar e provocar as lideranças em todos os segmentos da sociedade a enfrentar um problema: o lixo.

O Brasil já produz mais de 80 milhões de toneladas de lixo por ano e a previsão é que chegue a 100 milhões de toneladas em 2030. E não há espaço para recolher, armazenar, tratar esse lixo.

Que tipo de mundo queremos deixar para as futuras gerações? Um grande lixão, provavelmente.

As organizações empresariais deveriam levar mais a sério a logística reversa, obrigando-se a receber de volta produtos vencidos, desatualizados, e tantos outros materiais associados aos seus produtos ou serviços e que não tem destinos apropriados.

Os governos deveriam levar mais a sério a coleta seletiva de lixo, proporcionando uma logística eficaz para transformar lixo em riqueza.

Os indivíduos também tem sua parcela de responsabilidade, seja num consumo mais consciente, seja no tratamento que dá ao seu lixo.

Enfim, fica aqui um desabafo e uma provocação.

Sergio Lopes em seu escritório em São Paulo, Brasil.