Agricultura orgânica, as lições que a natureza nos dá – A história do homem incansável que leva o progresso e a transição às propriedades agrícolas brasileiras, sua trajetória já é patrimônio nacional

Queiroz promovendo a transição no guaraná Ambev de convencional para orgânico, no Brasil

Agricultura orgânica, as lições que a natureza nos dá – A história do homem incansável que leva o progresso e a transição às propriedades agrícolas brasileiras, sua trajetória já é patrimônio nacional

por Kátia Bagnarelli, exclusivo para Jornal Onews

 

Valdecir Queiroz é técnico em agropecuária, especialista em agricultura orgânica e biodinâmica pelo instituto ELO de Economia Associativa de Botucatu, em São Paulo.

Tem mais de vinte anos de experiência com agricultura orgânica, ministrou mais de cem cursos em agricultura orgânica no Brasil e no exterior.

É sócio fundador e atual diretor do Instituto Brasil Orgânico para região nordeste e diretor da empresa Terra Ecológica Consultoria em agricultura orgânica.

Querido por onde passa, ele carrega a missão da transformação do ser humano e do solo. Nossa equipe finalizou a entrevista contagiada e engajada por este movimento natural de transformação liderado por ele no Brasil.

A seguir seu relato em primeira pessoa. Aproveite a leitura.

 

“Eu nunca havia pensado em agricultura, jamais. Em minha família minha mãe criou a mim e uma irmã, e ela trabalhava, lavava roupa para fora para nos criar. Quando eu tinha 14 pra 15 anos entrei no seminário para ser padre.

Minha ideia era servir. Tinha o sonho de ir para a África trabalhar com índios, coisas desse tipo, porém jamais pensei em agricultura. Nunca!

Porém, quando ainda estava no seminário, a Souza Cruz beneficiava fumo para o agricultor plantar numa região do Rio Grande do Norte, um grupo de freiras que representava os produtores identificou que tinham muitos peixes morrendo no açude.

O padre mandou-me fazer um curso no Centro de Capacitação Católica em Pernambuco para que eu pudesse resolver aquilo. Quando fui estudar, tive como minha professora Ana Primavesi.

O primeiro curso que fiz com a professora Primavesi foi microbiologia de solo, foi mais ou menos uma semana ao lado dela, pela manhã e pela tarde.

Quando voltei fui pesquisar os peixes e descobri que morriam porque os agricultores colocavam veneno para formiga na plantação de fumo, o veneno ia para dentro do açude e matava os peixes. Comecei então a gostar um pouco de agricultura.

No colégio em que estudei, onde tinha muitos amigos, no estado do Rio Grande do Norte, eu queria fazer geologia porque meu avô uma vez cavando um poço numa região, descobriu as pedras lá no fundo, era uma espécie de caverna.

Ele me contava essa história quando era pequeno e fiquei louco para ser geólogo para estudar pedras e solos.

Aos 18 pra 19 anos eu fui fazer curso de geologia mas quando cheguei na escola tinha acabado a inscrição. Tinha ali, entretanto, um colégio agrícola, fui prestar. Éramos eu e mais seis pessoas, o único que passou fui eu.

Depois disso terminei o colégio agrícola e fui o único aluno que nunca saiu de férias. Eu estagiava dentro do colégio.

Há uma história interessante deste meu período no colégio agrícola, que foi quando ganhei o primeiro carro da minha vida.

No ano de terminar, faltando quatro meses, eu já tinha algumas notas e faltavam outras, e apareceu um curso para fazer de mecanização agrícola dentro da usina que era do governador do estado.

Por acaso eu era presidente de classe, presidente do centro cívico, representante na UNE e presidente da Cooperativa e eu sempre gostei muito de ajudar, ajudava muito e a todos, estava em minha índole, servir. Eu não pensava no meio ambiente, não tinha isso em minha cabeça ainda.

Comecei a fazer o curso na usina, e no último

período, o canavial pegou fogo. O gerente agrícola da usina estava lá avaliando a quantidade de açúcar (ATR). Quando se bota fogo num canavial antes de produzir, ao chegar na idade de maturação ele não apresenta muito teor de açúcar e o rendimento por hectare é muito pequeno. E então aquilo tudo pegando fogo bem ao lado de uma área nova. Todos, diretor e funcionários tentando apagar aquele fogo sem sucesso. Não sei o que me deu na cabeça, peguei e cortei a cana verde no início e o fogo não passou para dentro da propriedade nova. Quando fiz isso, me chamaram de maluco porque estava quase me queimando os cabelos. Não deixei o fogo passar para outra cana que era nova e quando terminei todo mundo ficou feliz, e o diretor comentou que foi um trabalho bonito, que nunca tinha visto isso. Me perguntou se não queria estagiar na usina.

Respondi que nem havia terminado os estudos e ele disse que quando terminasse era para procurá-los. Foi uma ação tão fantástica que todo aluno que terminava o curso técnico agrícola tinha o sonho de trabalhar na usina, pois era uma grande empresa e a única desse porte.

No dia seguinte estávamos numa caminhonete pequena com os instrutores dentro e fomos parados por um carrão enorme. Desceu do carro o governador do estado que era dono da unisa ao lado do filho, perguntando para o nosso instrutor:

-Quem é Valdecir Queiroz aí?

Pensei no que eu poderia ter feito de errado. Me mandaram descer, desci calado e apreensivo. Ele disse:

-Julio me falou o que fez. Eu quero que venha trabalhar comigo.

Eu disse que em dezembro eu terminaria o curso e iria.

Ele disse que não, queria que eu fosse trabalhar com ele no dia seguinte. Tinha por volta de 21 anos.

Quando cheguei na porta do colégio no dia seguinte, estavam a diretora, o secretário de educação do estado, mais um pessoal me esperando com meu diploma, minha carteira de trabalho que eu nem ainda tinha, dizendo que no dia seguinte eu tinha que me apresentar na usina.

Na hora que ele me chamou pra trabalhar eu perguntei se ele não tinha como levar meu amigo junto, ele disse:

– Traga ele!

Fui para a usina, comecei a trabalhar. Eles tinham comprado 50 tratores novos e estavam dando aulas de tratorista e direção defensiva.

O diretor geral me inseriu no trabalho com os tratoristas que já tinham 20 anos de usina para ficar com os

tratoristas novos, cortando a cana nos canavieiros. Moral da história, em três meses eu já havia aprendido toda a mecanização da maior usina do estado.

A partir dali fiquei um ano trabalhando de dia e de noite, fui o único técnico que entrou na empresa com uma moto, um carro e uma casa.

Eles me deram tudo isso pra trabalhar com eles. Era uma empresa grande, dormia meia noite e acordava às três da manhã todos os dias.

Foi neste período que minha mãe adoeceu, minha mãe trabalhava na cozinha do Seminário em Mossoró, já estava ficando velhinha com alguns problemas, no final deste ano eles queriam que eu continuasse, mas me cansei e fui trabalhar para a UNICEF no mesmo açude dos peixes do passado quando fiz o curso com Primavesi.

Fiquei ali seis meses, minha mãe faleceu, fui trabalhar então na Cooperativa. Entrei na universidade, de 89 para 90. Prestei para Agronomia e passei.

Entrei na faculdade, eu não podia me sustentar, minha mãe havia falecido, um dos meus professores me indicou trabalhar numa empresa que me garantiu que se eu trabalhasse lá não me faria falta a faculdade pois iriam contratar os maiores especialistas do mundo.

Tinha muita gente realmente, eram 8 agrônomos de São Paulo. Entrei como técnico, coordenei uma área de uva pequena, um ano tomava conta da manga, e essa foi outra história que me rendeu outro carro…

Tive os melhores professores. Passei cinco anos nessa empresa e eu queria muito fazer algo a mais, mas não consegui. Saí de lá de 95 para 96.

Fiz o curso de biodinâmico com um professor da universidade da Alemanha que veio para Botucatu, eu já estava trabalhando no Incra com projetos de assentamento. Naquela época o curso biodinâmico custava mais de mil reais. O Incra e uma Fundação brasileira pagaram 80 mil reais para trazer o curso de biodinâmico para o nordeste. E o Incra tinha algumas vagas para sorteio, mas eu não fui sorteado.

Minha esposa Eulália que já trabalhava comigo (temos 25 anos de casados, 3 filhos) cogitou vender as coisas de casa para pagarmos o curso.

Entretanto não vendemos e eu fui, escute só. Quando cheguei em Fortaleza, havia quarenta pessoas neste módulo que envolvia o Banco do Nordeste. Como eu não tinha dinheiro pedi ajuda ao diretor (que era Richard Charity) que me indicou outro diretor para negociar. Consegui pagar em 12 cheques.

Queiroz com a esposa Eulália e os três filhos

Primavesi estava lá também e foi nossa professora. No quinto dia do curso, tive um insight e disse para Richard que achava que eu era o mais burro da turma porque enquanto todo mundo estava vendo bruxaria no biodinâmico, eu via diferente.

Dos quarenta que fizeram o curso eu sou o sobrevivente do campo.

Fui o único a fazer melão orgânico no Brasil e na América Latina, em 2000 ninguém acreditava que dava pra fazer melão orgânico.

Fizemos em Petrolina, depois disso montei minha empresa de consultoria e comecei a fazer o trabalho com manga, com uva, com o melão entre outras frutas.

Em 2006 fui para o Equador trabalhar com a Odebrecht, fazendo consultoria para manejo orgânico. Quando eu voltei um grupo de mulheres me procurou, que era o pessoal que auxiliava o Maharishi, o guru dos Beatles.

Era ainda uma agricultura mais pura, a que eles praticavam. Conheci o pessoal da Fundação Mokiti Okada também neste período.

Começamos então a trabalhar todo o manejo, hoje misturo o manejo de Mokiti Okada que é o da agricultura natural e da agricultura orgânica além do manejo de agricultura biodinâmica. Estou trabalhando também neste momento a agricultura eco inteligente.

Neste mesmo período Richard estava indo para Alemanha, me ligou e disse que tinha que ministrar um curso no Rio Grande do Norte para quarenta agrônomos.

Me enviaram uma planilha com os assuntos. E então me convidou para trabalhar com ele e, lógico que fiquei lisonjeado, mas sempre achei que não sabia de nada, embora tivesse feito o curso de biodinâmica com os melhores. Aceitei e cheguei ao Rio Grande do Norte com aquela planilha nas mãos. Eram quarenta senhores, não havia uma mulher, somente homens.

Pensei comigo, o que é que vou fazer? O curso era de uma semana. Uns assuntos eu até dominava, então comecei a rezar. Chegou meia noite, eu não conseguia dormir. Já tinha ministrado algumas palestras, mas desta vez era para sujeitos que tinham doutorado.

Pensei, Meu Deus, o que eu faço? Sempre rezo, tenho muita fé e não perco essa minha fé. Rezei e depois da meia noite me veio uma ideia.

Dormi bem, acordei bem, comecei a mudar tudo. Reformulei o curso todo. Criei um curso vivo. É o mesmo curso que ministro hoje e é para todos.

Pessoas que não entendem nada de orgânicos, retiro o curso de dentro delas, sem lhes entregar nada de fora. Isso tem mudado muita gente.

O solo vivo nos copinhos durante o curso
Queiroz e os agricultores em transição

A missão

Conheci a minha missão quando, em 2008, Richard me convidou para ser professor do curso de biodinâmica para uma região do Ceará. Fiz Richard chorar nesse curso.

Acredito muito no mundo espiritual. Eram doze palestras e fui intuído a falar do meu jeito.

Peguei parte do Steiner de biodinâmica, comecei a ver as palestras dele e elaborei as minhas do meu jeito, a partir daí. Neste curso tinham seis agrônomos de Pernambuco e de outros lugares do Brasil, além de três professores que eu conheço muito bem e que entendem bem mais do que eu.

Quando estávamos reunidos eles disseram que só estavam ali porque era Queiroz que iria ministrar. Comecei o curso diante de um mato, levei todo mundo para lá.

Richard chorou e disse que não pensava daquela maneira, os outros alunos ficaram calados e depois mencionaram que a biodinâmica era exatamente o que estava lhes dizendo. Steiner não queria que a biodinâmica ficasse para trás, velha. Nós mudamos, o mundo mudou.

E eu consegui levar essa atualização no entendimento. Naquele momento pensei que havia uma missão para mim, eu fiquei melhor depois disso, porque tinha muito medo de não conseguir passar o que eu tinha a meu favor por não ter uma linguagem bonita.

A criatura que está nesse planeta desde o início é a natureza, Primavesi me ensinou. Se tivermos a mínima sabedoria para observar, vamos aprender.

Hoje levo o mesmo curso para qualquer pessoa, seja quem for. Quando entro numa região, por exemplo, a primeira coisa que tento fazer é treinar as pessoas para entender a linguagem.

Tenho 54 anos e faz 21 anos que ministrei esse curso, sem esperar o reconhecimento de ninguém, você precisa fazer porque você quer fazer.

Ceará, Parnaíba, Maranhão, treinei técnicos e agrônomos de Roraima, fiz vários projetos no Amazonas e São Paulo. Fiz muitos cursos de graça para muitos produtores e para muitas outras pessoas, nunca cobrei muito, o que possibilitou a muitas pessoas participarem. Eu queria que as pessoas começassem a ver a agricultura e a natureza de forma diferente.

Se você faz o mal ele volta para você, essa lei existe. O que precisamos é gerenciar o tempo que temos nesse plano. Coloque sua vida de 0 a 80 anos, o que temos para entregar?

Quem vai lembrar de nós se não deixarmos um pouco do nosso coração aqui, se não nos doarmos?

Eu não quero apenas ser lembrado, quero que o que eu saiba, continue. Temos várias regiões onde tem gente fazendo isso. Estar o tempo todo entregando algo a alguém é importante, o dia a dia é cansativo, por mais feliz que você seja precisa de alguém para caminhar.

O que precisamos para mudar o mundo é isso, energizar as pessoas. Umas às outras. O bem tem que ser propagado de várias maneiras, tem de ser propagado com a essência, com a aparência, com tudo. As pessoas gostam do bom. Cristo gostava do bom.

Se você tem amor, todas as coisas vem. Eu adoro mudar o ser humano, eu sei como é o meu planeta, sei o tamanho dele, sei o que tem aí fora, e o que tem aí fora é muito maior, tem muito mais gente, nós somos tão poucos, não é nada perto do que há fora do planeta.

Pegue uma mão de areia para ver quantos grãos consegue carregar, e veja como não é nada. Existem muitas coisas lá fora, mas temos que nos ater para o que precisamos cuidar que é este planeta e além dele cuidar de nós, da nossa alma e do nosso espírito, precisamos começar a trabalhar isso, para poder dizer que a nossa energia positiva vibrou positivamente nesse planeta.

Estamos amparados para conhecer melhores pessoas, passar melhores momentos para que possamos criar e ter mais força. Somos luz.

A nossa energia é uma energia universal, única, e nós vibramos. Hoje, para onde eu vá consigo criar produtos naturais para curar plantas.

Estou atualmente em contrato com a Ambev para certificar e montar o manejo de todo o guaraná que a empresa produz no Brasil. Todo o guaraná será orgânico.

Guaraná em processo de transição para orgânico

Educação

Tem muita gente nos orgânicos que olha apenas numa linha reta e o mundo é um caos maravilhoso, é uma mistura de tudo.

Educação é a base, educação espiritual e pessoal, educação do corpo e educação tecnológica. Não existe futuro nem passado, tudo é só o presente.

Nós é que inventamos o futuro e o passado. Temos que fazer parte do ciclo natural agregando a tecnologia, mas temos que começar com a orientação infantil como diz Augusto Cury, temos que tirar a escravização das crianças. Elas precisam de orientação para que sejam nosso futuro, senão estaremos perdidos, pois só temos um planeta.

As pessoas inteligentes deste planeta e os políticos parecem que não entendem. Nós só temos um planeta, uma água, um solo.

Nossos minerais estão se acabando. Chineses e muitos outros povos estão saindo do planeta à procura de vida porque sabem que aqui está acabando.

Precisamos refletir e começar a reciclar água, a respeitar a produção passando a produzir um quilo de feijão de forma natural do mesmo jeito que se produz um quilo de convencional.

Tudo é educação. Uso em meus cursos uma linguagem simples porque essa é a linguagem da natureza. Quem somos nós para sabermos mais do que esse planeta.

Cajú orgânico

Vivemos num mundo cíclico. Tudo vai voltar para nós. Mudamos a geografia do mundo todo a nosso bel prazer. Nós mudamos a estrutura dinâmica dos seres, não estamos preocupados, achamos que não precisamos da natureza. Nossa mente é pequena, deveríamos ter mais sabedoria.

Há muita gente inteligente que não tem sabedoria alguma. Somos a continuação desse planeta. O presente é contínuo. O presente precisa ser uma base boa para quem vem depois.

Eu optei pela missão de “fazer pessoas”. O curso que eu ministro é um curso vivo.

Qualquer curso que eu faço transforma as pessoas que participam. Temos que mostrar que todos nós somos especiais.

O sol brilha para todo mundo, a água é para todo mundo. Temos que fazer esse crescimento chegar. Todos os termos são necessários, mas precisamos da linguagem simples da natureza que já está presente em nosso DNA. Nosso DNA é como se fosse um HD gigante que guarda todas as informações. Você vai saber que você sabe. No decorrer do processo as pessoas concluem isso.

Eu fui treinar um pessoal no Maranhão por conta de um problema que aconteceu com um agrônomo, fui convidado para resolver.

Quando cheguei lá, todo mundo achou que eu ia fazer as coisas. Eu disse que não faria nada porque o importante ali eram eles.

Eles tinham que usar o conhecimento que eles tinham e achavam que não tinham. Eu fui o instrumento para que utilizassem seus próprios conhecimentos. Meu curso é interativo.

Começa numa sala e os alunos já vão para a Mata. Já no primeiro dia os alunos fazem um trabalho na sala, sentados no chão, pintando e brincando. No segundo dia os alunos precisam voltar para a natureza.

Durante três dias trabalhamos só sobre o solo, compreendemos que o solo é vivo. Os alunos entendem ali o porquê de determinadas coisas.

A partir do terceiro dia você vai praticar. Vai usar a força bruta. Vai fazer os produtos que se usa na agricultura em um hectare, aprender como se faz, por exemplo, combate à praga. O que é uma praga? Uma praga é um inseto.

E um inseto tem horário de dormir, tem horário de se alimentar. Se eu tenho que espantar um inseto, não vou colocar na hora que ele está dormindo escondido.

Aprendemos o momento em que ele se reproduz mais, e que neste período temos que nos prevenir, por exemplo. Como as doenças acontecem e como combatê-las o aluno também aprenderá.

Por exemplo, podemos combatê-la com leite, com vinagre, usamos em grande quantidade. As grandes indústrias já começaram a fabricar seus produtos desta forma.

Ao final, dependendo de onde eu ministrar, ainda tem a parte de mercado e certificação. O curso é sobre mudança de atitude. Faço as pessoas experimentarem a capacidade que elas mesmas têm.

Você precisa aprender o que é imitar a energia da natureza. Todos nós podemos criar. Uso isso em meus cursos.

O bem, mesmo que seja na maior escuridão, brilha se você conseguir ancorar ele. Essa é a minha meta com as pessoas. Se você tem fé, as boas energias fluirão para você.

Alunos de Queiroz, produtores buscando conhecimento na agricultura orgânica
Queiroz e agricultores alunos durante as aulas práticas

“Meu trabalho é uma missão muito prazerosa, cuidar do meio ambiente e desenvolver uma agricultura ecologicamente correta, economicamente viável e socialmente justa ”

São Francisco de Assis do Piauí

Estamos no terceiro módulo do curso prático de agricultura orgânica no semiárido do nordeste, na cidade de São Francisco de Assis do Piauí, Projeto José do Egito.

Trata-se do treinamento para produção orgânica no sequeiro. 800 famílias serão contempladas com a iniciativa da fraternidade São Francisco de Assis.

Foram distribuídos vinte micro tratores com implementos para manter o produtor no campo com mais agilidade para a produção no sequeiro. Serão mais dez tratores para as mesmas famílias que têm mais de cinco pessoas produzindo.

Receberão mais um trator com implementos para melhorar a força de trabalho.

São doações de benfeitores da fraternidade na Alemanha. A história de padre Geraldo merece ser conhecida.

Um homem que agora com aproximadamente 72 anos, dedica a vida a ajudar esses produtores em 8 municípios. Ele com os amigos da fraternidade que na época mais seca do ano, quando as pessoas passavam fome, alimentou oito municípios com doações. Já construiu um bairro em Simplício Mendes para famílias sem lar.

Imagine o trabalho desde 1967, o ano em que nasci.

Covid19

Fiquei doze dias em coma quando contraí Covid19 no ano passado, recebi muitas orações. Durante o coma sonhei muita coisa ruim, gente sendo maltratada.

Fui desenganado duas vezes pelos médicos e na segunda vez cheguei num ponto em que já estava indo embora. Cheguei para Cristo no sonho e disse que ficasse à vontade, o que o Senhor fizesse eu estaria feliz porque sabia que seria pelo Senhor.

Eu estava tão feliz por estar perto de Cristo, que pensava que veria minha mãe falecida e outros parentes, até que de um lado era vida e de outro morte. Eu olhava e Cristo (aquele da série Messias da Netflix) pegava em minha mão com força e dizia:

– Não! Eu quero que você vá, tem muita coisa para fazer, estarei com você. Sexta feira santa estarei com você, não é sua hora.

Ele me puxou pela mão, e eu comecei a melhorar, melhorar e melhorar. Estou aqui hoje. Estou vacinado na primeira dose, meus anticorpos estão altos.”

A transformação

O trabalho de Queiroz pelo Brasil tem o objetivo de capacitar de forma ampla e prática, técnicos, produtores e participantes em geral para compreender agricultura orgânica ou eco inteligente e como praticá-la no dia a dia de uma propriedade sustentável.

Nos últimos quinze anos o mercado global de produtos orgânicos vem apresentando taxas de crescimento constantes, este fato traz à tona questionamentos, quebra de paradigmas e mudanças de atitudes por parte dos agricultores e toda a cadeia produtiva de alimentos.

O desenvolvimento da agricultura orgânica, assegura o fornecimento de alimentos saudáveis, mais saborosos e de maior durabilidade; não utiliza agrotóxicos, preserva a qualidade da água, não polui o solo nem o lençol freático e assegura estrutura e fertilidade dos solos, evitando erosões e degradação ao longo dos anos.

Atualmente a população busca qualidade de vida através da alimentação mais saudável, e por esse conjunto de fatores e muitos outros, a agricultura orgânica viabiliza a sustentabilidade dos sistemas, não só para agricultura familiar, mas ampliando também para outras modalidades de produção.

O curso prático em agricultura orgânica ministrado por Queiroz, capacita o produtor a atender a essas mudanças e compreender que podemos praticar uma agricultura mais ecológica, através do equilíbrio e harmonia com a natureza, mudando hábitos e buscando conhecimento.

Com esse propósito o curso de Queiroz já mudou a vida de muitas pessoas, muitos que não acreditavam e que hoje conhecem e praticam. Ele traz à tona o desejo de mudança de atitudes e tem como principal objetivo fomentar práticas de produção e de consumo sustentáveis com vista à promoção e desenvolvimento mais equilibrado e rentável.

Entrega de mais 10 tratoritos para o projeto José do Egito

Os depoimentos de quem passou pela transformação ao lado de Queiroz

Marcelo Parahyba, médico cardiologista e produtor

 

“Em relação à eficiência e eficácia da agricultura orgânica, o curso serviu para me mostrar que realmente funciona, e não funciona porque é coisa de bicho grilo que quer preservar a natureza e o homem que se lasque. Ela funciona porque melhora a produtividade, reduz custos, aumenta a produção e melhora as condições de vida do meio ambiente e das pessoas. Ou seja, só vi como positivo. A grande e ótima surpresa que eu tive foi essa confirmação: que os inseticidas tóxicos não tinham razão de ser. E fechamos com chave de ouro, em grande estilo, com a fazenda que nós conhecemos que é uma fazenda convencional que está adotando técnicas orgânicas justamente para poder melhorar sua produtividade e para melhor controle de pragas. Isso foi excepcional para mim.”

 

 

 

Maria Falcão, agrônoma

 

 

“Eu tenho um histórico do lado convencional de João Teixeira e quando vim para o curso fiquei tão receosa, me perguntando o que tinha a ver João Teixeira com o orgânico. Fiquei surpresa com o que eu vi, e o mais interessante é a consciência e a mudança de atitude, sem ainda ser certificado, porque geralmente uma coisa casa com a outra, quando você certifica você tem um interesse a mais que é o financeiro. Quando vi aquele trabalho todo, muito bem feito e exemplar, vi que não tem erro. Vi como um mais um é dois que a coisa realmente funciona. Foi fantástico, já quero fazer outro curso.”

 

 

Carlos Brasil, engenheiro agrônomo, especialista em gestão do agronegócio com mestrado em gestão da qualidade

 

 

“A experiência que eu tenho é com zootecnia, com produção de leite e gestão do agronegócio. Tenho uma vivência muito grande no que chamamos de convencional, ou melhor dizendo, acabei de aprender no curso, convencional que é aquela agricultura burra porque consome seus principais recursos que são solo, água e a vida. No curso, fica muito claro e simples que se você mantiver o ciclo de energia e equilíbrio, esse seu agronegócio vai se perpetuar por muitas gerações. É possível chegar num plano de negócios de conversão, numa lucratividade que consequentemente vai dar uma qualidade de vida para a pessoa que trabalhar de forma equilibrada com a natureza.”

 

 

 

Najla, aspirante a produtora

 

 

“Eu não sei quem de vocês já teve que recomeçar a vida de alguma forma, mas o curso de agricultura orgânica para mim é o meu recomeço. Eu quero agradecer muito porque tenho dois bebês e para continuar na roça é difícil, foi através de um outro agricultor que fiz o primeiro contato com Queiroz. Nenhuma pessoa me olhando, loirinha, branquinha com carinha de frágil, imagina que eu ia querer ir para uma horta e botar a mão na terra, fazer isso tudo no sol. Agradeço pela oportunidade sem julgamento.

É a coisa que mais me faz feliz hoje, ter feito esse curso.”

 

 

Oseano, proprietário da empresa Oba Agrícola no Piauí

 

“Desejo ao Valdecir Queiroz muita saúde, seu curso é muito proveitoso, absorvemos bem toda a experiência, tanto o pessoal da roça quanto os convidados. Vamos usar, além da produção de melão que será o melhor melão orgânico do mundo, na produção de manga todo o conhecimento adquirido.”

 

 

Mateus, seminarista de Simplício Mendes, no Piauí

 

“A palavra que vem à minha cabeça é agradecimento. No primeiro dia de aula o professor nos perguntou quais eram as nossas perspectivas para o curso.

Eu disse que era aprender e colocar em prática na pequena fazenda que meu pai tem. O professor Valdecir nos disse que ele não trouxe nada e que o curso seria tirado de nós.

Eu não falei, mas pensei, esse homem é louco. E realmente ele tirou o curso de cada pessoa que estava ali, um pouco de cada um e formou esse belíssimo curso onde cada um de nós aprendeu bastante. Falo por mim que não tinha nenhuma noção de agricultura e hoje sei fazer um biofertilizante, sei fazer um fungicida através dessas orientações do professor.

Ele não nos deu nenhuma receita pronta, mas ele foi nos dizendo o que era e para que servia cada planta. Nós, então, fizemos a elaboração dos produtos através dos conhecimentos que ele nos deu através das plantas. Estudamos o solo e as plantas. Particularmente achei o curso uma maravilha, pois mudou a minha vida, além de uma visão mais ampla da questão da agricultura orgânica, mudou também o conhecimento sobre plantas e solos.

Hoje sei o porque uma folha de uma planta está enrolada, sei o que está faltando. Reconheço o que falta em uma folha que está queimada. Só tenho a agradecer.”

 

Entrega de tratores para São Francisco de Assis do Piauí
Benção durante a abertura do curso em São Francisco de Assis do Piauí
Queiroz entre alunos agricultores
Queiroz entre alunos agricultores

 

Escritórios e contatos de Valdecir e Eulália Queiroz