“SOU DE ALGODÃO” une a cadeia produtiva do algodão sustentável no Brasil e consolida um legado na comunicação com o consumidor.

Personagem Mayra Sallie. Estilista Marca Koia. Tecelagem Vicunha.

 

“SOU DE ALGODÃO” UNE A CADEIA PRODUTIVA DO ALGODÃO SUSTENTÁVEL NO BRASIL

por Milton Garbugio, presidente da ABRAPA, em 26 de agosto de 2020, Brasil.

ou de Algodão é o movimento nacional de iniciativa da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA) que tem como propósito unir a cadeia produtiva do algodão sustentável. Essa cadeia produtiva vai do produtor de algodão passando por fiações, tecelagens, malharias, confecções, pequenos e grandes empreendedores até chegar ao consumidor final. A ABRAPA representa atualmente os produtores de mais de 99% da fibra de algodão no Brasil.

O algodão sustentável é produzido seguindo os rigorosos protocolos de certificação em sustentabilidade do programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR). Estes protocolos preveem, entre outros pontos, a preservação do meio ambiente, a conservação dos biomas e recursos naturais como água, ar e solo, as boas práticas agrícolas, a proibição da mão de obra irregular, o respeito e a valorização do trabalhador. O algodão sustentável é uma fibra natural essencial para a indústria da moda e para a economia do Brasil.

Neste tipo de cultura, é permitido o uso de insumos químicos, de forma extremamente racional e responsável, para o manejo da lavoura, respeitando-se todas as regras para a sua aplicação. Também é permitido o uso de sementes geneticamente melhoradas ou modificadas e transgênicas, desenvolvidas conforme protocolos legais internacionais, com o objetivo de obter espécies mais bem adaptadas aos biomas, aos tipos de solo e ao clima da região de plantio, bem como para a obtenção de melhor qualidade da fibra.

Associado às boas práticas de produção, o Brasil é o campeão mundial em produtividade sem irrigação em larga escala e é o principal fornecedor de algodão sustentável do mundo, suprindo mais de 35% de toda a demanda pela fibra de algodão.

Já na produção do algodão orgânico, não é permitido o uso de qualquer tipo de insumo químico como defensivos ou fertilizantes, nem sementes transgênicas. Há protocolos próprios que preveem, por exemplo, uma distância mínima de qualquer tipo de plantação que use insumos químicos para garantir pureza e receber certificados de produto orgânico. Devido às condições climáticas e a alta incidência de pragas, a produtividade neste tipo de cultura é mais baixa, não alcançando 50% comparada com a de algodão sustentável. Por ser produzida em pequena escala, principalmente por produtores de agricultura familiar e, muitas vezes consorciadas com outras culturas (conhecidas como cultura agroecológica), a mecanização é inviável. Todas as etapas do cultivo são manuais. Este tipo de algodão não representa, atualmente, nem 0,5% do volume produzido no mundo.

Agricultura sustentável do algodão Imagem: Carlos Rudiney Abrapa

O movimento Sou de Algodão foi criado em 2016 e as iniciativas são fundamentadas em 3 pilares:

informacional, promocional e de negócios.

O pilar informacional tem como objetivo disseminar a informação e formar a base de conhecimento. Estão neste grupo de ações a geração de conteúdo em redes sociais e site, o “Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores” e a participação em palestras e debates online e em eventos.

Na frente promocional, eventos e ativações são o principal meio utilizado para que as pessoas entendam, percebam e reconheçam o valor do algodão e da sustentabilidade da cadeia. Costuramos parcerias com semanas de moda e com m

arcas parceiras para gerar experiência e chamar a atenção do público para a fibra. As ações de negócios ainda não iniciaram, têm como objetivo aproximar diferentes elos da cadeia de valor do algodão, transformando o ambiente de business onde todos possam se beneficiar.

Os agentes da cadeia produtiva (agro) são o próprio produtor, os fornecedores de insumos, implementos, equipamentos e financiamento agrícolas, traders (profissionais que comercializam o commodity) e beneficiadores da pluma. No entanto, o público é muito mais amplo e inclusivo e em grande parte representado pelos apoiadores institucionais: Abest, Abit, Abvtex, Etiqueta Certa, Casa de Criadores, Ecoera, Denim City, Ecomaterioteca, Anea e BBM.

Embora existam iniciativas importantes, como o programa de certificação Abvtex, que atua na cadeia fornecedora das grandes marcas varejistas do país, na erradicação da mão de obra análoga à escrava há muitas frentes a serem trabalhadas de forma integrada nos 3 pilares: ambiental, social e econômico. A indústria da moda é gigantesca, com empresas nos mais variados formatos e tamanhos, de microempreendedor individual a grandes empresas com 1 a milhares de colaboradores, nos lugares mais remotos deste país. Os desafios são enormes. Sabemos que a indústria, principalmente formada por médias a grandes empresas, já se movimenta para tornar a moda mais justa e sustentável, mas é um trabalho que requer foco, esforços e colaboração de todos.

Raissa Severo veste algodão sustentável. Imagem: Sou de Algodão

 

As instituições de ensino superior em moda e design têm adotado cada vez mais o tema ‘sustentabilidade em sua grade curricular, para que o aluno possa ter uma visão sobre como desenvolver uma moda mais sustentável. Embora tenhamos ciência de que a sustentabilidade deve ter equilíbrio de ações ou critérios nos 3 pilares, normalmente as universidade dão maior ênfase no pilar ambiental, com foco em materiais sustentáveis e reciclados ou recicláveis.

“Um movimento existe com a presença e participação ativa de vários agentes que compartilham o mesmo propósito. Se você se identifica com o nosso propósito, venha fazer parte!”

Sou de Algodão

As ações voltadas a esse público procuram ampliar essa visão, trazendo não só toda a carga de informação do programa socioambiental ABR, mas também outros exemplos, para que o aluno saiba que é preciso cuidar do meio ambiente, respeitar o trabalhador e ser economicamente viável.

As escolas de educação fundamental e médio já começam a desenvolver o tema ‘sustentabilidade’ em seus materiais didáticos, ainda de forma superficial, para que os estudantes entendam como tornar sua comunidade ou sua rotina mais sustentável, através de práticas como a segregação dos resíduos, a reutilização de materiais, entre outros exemplos.

É necessário aprofundar ainda mais, trazendo no contexto do seu cotidiano, para que eles entendam, desde pequenos, a composição da roupa e como escolher artigos mais sustentáveis que tenham sido produzidos de forma responsável incluindo noções sobre economia circular.

Os pais têm, definitivamente um papel fundamental na educação de seus filhos e a melhor forma de se influenciar crianças a adotarem boas práticas e adquirirem conhecimento é através do exemplo.

Por isso é importante observar a forma como nós, adultos, incorporamos em nossas rotinas, por exemplo, o uso de materiais recicláveis ou reutilizáveis ou a escolha de produtos mais amigos do meio ambiente ou que entreguem transparência socioambiental sobre sua produção, para que as gerações futuras entendam as referências de uma conduta responsável no consumo.

As novas gerações de consumidores são vorazes na busca de informações e cobram cada vez mais transparência das marcas que as alcança.

Atender a esse anseio, entregando valor, com base em suas boas práticas sustentáveis pode ser um bom caminho para abrir diálogo e angariar admiradores que se tornarão consumidores fiéis e embaixadores dessas marcas.

A transparência é entregue na forma de código de barras, em cada fardo de algodão beneficiado, com rastreabilidade de origem, até a fazenda que produziu esse algodão.

Imagem: Sou de Algodão

 

Na safra 2018/19, mais de 75% da produção de algodão recebeu a certificação do programa ABR e 72% foi licenciado pela Better Cotton Initiative (BCI). Com crescente participação do Brasil no mercado internacional, o país tomou o topo do ranking de fornecedores mundiais de algodão sustentável na última safra (2018/19), suprindo quase 1/3 da demanda global.

Estar nesta posição enche de orgulho e aumenta a responsabilidade e compromisso de entregar, de forma cada vez mais transparente, a conduta responsável do produtor.

Mais de 280 marcas parceiras,

os mais diversos elos da cadeia têxtil e de moda, e empreendedores de todos os portes, do pequeno artesão que cria produtos com tecidos ou fios de algodão, até grandes confecções e redes varejistas. Elas são fundamentais no movimento, pois são elas que tornam tangível a presença do algodão no dia a dia das pessoas e demonstram toda a versatilidade da fibra.

A jornada do algodão sustentável

O início da jornada é na produção do algodão sustentável, beneficiado e entregue à fiação com certificado do programa ABR.

Ao entrar na cadeia têxtil, a fiação, tecelagem ou malharia e a confecção devem adotar protocolos que entreguem sustentabilidade, como o uso responsável dos recursos naturais, o tratamento e descarte correto de resíduos, a adoção de boas práticas na produção e o respeito às leis trabalhistas, até chegar ao ponto de venda de uma marca ou rede varejista, que também deverá observar todos esses requisitos.

A lógica é única e deve percorrer toda a cadeia, do início ao fim. E, se for possível, ainda, voltar ao ciclo, sendo esse produto reutilizado ou reciclado.

Milton Garbugio, presidente da ABRAPA.

O setor da produtivo do algodão é uma atividade agro e, no campo, o trabalho não para.

Porém, os reflexos de comercialização sofrem os mesmos impactos que toda a cadeia têxtil está sofrendo neste tempo de pandemia de Covid19.

Em alguns aspectos, o algodão sustentável pode ser considerado uma questão de saúde.

A fibra é hipoalergênica e indicada para todas as pessoas, de qualquer idade.

Por ser suave e permitir que a pele respire, é a preferida do segmento infantil e recomendada por médicos para prevenir irritações ou alergias na pele delicada do bebê.

Por essa mesma propriedade, é recomendada por dermatologistas e ginecologistas, para prevenir dermatites causadas por fungos ou bactérias.

E na questão da sustentabilidade, é uma fibra biodegradável, portanto, menos nociva para o meio ambiente.

Linha do tempo sou de algodão

Nascimento em outubro de 2016 na SPFW, principal semana de moda nacional e da América Latina.

Ações e conteúdos para envolver, informar e engajar o público.

Diversas ações nas principais semanas de moda do país: 4 participações na SPFW.

4 participações na Casa de Criadores, apoio aos estilistas no Brasil – Eco Fashion Week, Dragão.

Fashion e Brasília Trends 1º Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores, um concurso estudantil que revelou 3 novos talentos para o evento parceiro. ações e ativações em 8 faculdades de moda, O MOVIMENTO SEGUE planejando e envolvendo esse público, com novidades ainda para este ano.

“Ambiental, Social e Econômico;

Os 3 pilares

fundamentais do algodão sustentável.” 

Tina Izac, Sou de Algodão.
Personagem Mayra Sallie. Estilista Marca Koia. Tecelagem Vicunha
Algodão Sustentável. Crédito Carlos Rudiney ABRAPA
Crédito Carlos Rudiney ABRAPA