MUITO ALÉM DO CONFORTO DE UM SAPATO, UMA REVOLUÇÃO SUSTENTÁVEL PELA ARTE DE UM BRASILEIRO

Sapatilha eco sustentável com solado em therpol

Muito além do conforto de um sapato, uma revolução sustentável pela arte de um brasileiro

Com uma queda produtiva de 30,9% entre janeiro e setembro, o setor calçadista vem experimentando uma recuperação nos últimos meses do ano, mas deve terminar o período 25% menor do que 2019, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).

A queda dos nove meses equivale a 208 milhões de pares a menos, como se o setor tivesse ficado quase três meses inativo. Segundo a coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck, pesou para o quadro os efeitos da pandemia, especialmente no mercado doméstico, que absorve mais de 85% da produção de calçados.

Em relação a exportação, dados elaborados pela Abicalçados apontam que no décimo mês do ano foram embarcados 10,43 milhões de pares, que geraram US$ 55,4 milhões, altas de 28,6% em volume e de 4,8% em dólares na relação com setembro. No acumulado dos dez meses do ano, as exportações de calçados somaram 74,9 milhões de pares e US$ 545,35 milhões, quedas de 22,3% em volume e de 33,6% em receita em relação ao mesmo período de 2019.

Enquanto o setor caminha em recuperação o empresário e design Fernando Mello lidera uma inovação sustentável em sua fábrica em Franca no interior de São Paulo. O Jornal Onews conversou com ele e a seguir a entrevista completa.

Onews: onde tudo começou?

Fernando Mello: A história da minha família tem noventa anos ou mais. Meu avô, Hemógenes de Mello começou, ao final da década de trinta e início de quarenta a trabalhar com os sobrinhos no início da Samello. A Samello é o maior ícone em minha opinião quando se fala em calçado masculino no Brasil.

Meu pai começou lá com onze anos junto com meu avô e com dezoito anos ele decidiu sair da empresa contra a vontade do fundador que era Sr. Miguel Sábio de Mello. Meu pai tinha seu próprio sonho e naquele momento montou sua própria fábrica, a Ruy de Mello que na década de setenta junto com a Samello eram as únicas duas S.A. em Franca.

Elas produziam os melhores sapatos do Brasil. Eu tenho sete irmãos e todos foram criados dentro da fábrica e sempre trabalharam dentro do setor. Dois deles já faleceram, um era gerente de produto de uma grande empresa no Brasil e o outro era modelista.

A princípio eu me enveredei por outra praia, comecei a trabalhar na rádio de Franca, trabalhei em todas as Fm da cidade e logo tive um programa na Record, onde falava sobre tecnologia e tendência a inovação em matéria prima do setor calçadista. Ainda tive uma empresa no setor de shows onde promovi mais de duzentos shows pelo Brasil inserindo as indústrias do setor de calçados no show business, algo inédito para a época. No começo da década de noventa comecei a produzir shows com patrocínio das indústrias de tênis. Fiz shows com Daniela Mercury, Jorge Ben Jor, Legião Urbana, Roberto Carlos, Caetano Veloso, Marina, Kid Abelha, migramos o show da famosa festa de Barretos para a Arena onde é feito até hoje.

Em 1995 parei com os shows e participei de um concurso de estilismo na Francal, ganhei o terceiro lugar. No ano seguinte participei novamente e ganhei o primeiro lugar. O prêmio foi um carro zero km. Neste evento uma grande empresa me contratou e comecei a desenvolver projetos para calçados adaptando toda a minha empresa.

Hoje nós criamos calçados para grandes marcas do Brasil no segmento infantil e adulto e para algumas internacionais também. O nosso negócio é criar, criamos desde o design do solado até o final do processo.

Onews: Como nasceu a Bioshoes?

Há oito anos atrás tive a ideia de inserir no mercado um produto eco sustentável, visto que eu já fazia projetos como este. Havia vendido uma marca que era minha eco sustentável para o quarto maior grupo calçadista do mundo. Ali começou a história da Bioshoes.

Meu ateliê era uma mini fábrica e decidi ampliar. Naquele momento o Brasil passava por uma crise e nós sem muita experiência em gerenciamento. Uma coisa é você criar sapatos outra é gerenciar uma empresa. Sem muito capital tivemos que abortar o projeto e somente há um ano conseguimos retoma-lo com sucesso.

Onews: O que é exatamente a marca Bioshoes de calçados?

Bioshoes é uma marca de produtos realmente eco sustentáveis. Nós sabemos que hoje em dia muitas empresas vendem um conceito de sustentabilidade mas não entregam de verdade. A sapatilha Bioshoes é construída com couro que é sobra da indústria de bolsas e calçados do Sul do país. Do que eles jogariam fora se transforma na Bioshoes.

Um couro com qualidade de exportação reaproveitado. A nossa palmilha interna é de biolátex que é um gel com patente alemã e tem a mesma densidade do calcanho do ser humano (é um gel também utilizado por podólogos), a nossa embalagem é 40% menor do que uma embalagem de sapato comum e então nós consumimos menos papelão, a linha que usamos na costura – que não é muita, é uma linha green feita com sobra de pet reciclado, o que também é uma novidade.

Nós não colamos completamente a nossa sola, usamos pouquíssima cola em dois pontos específicos. A nossa sola é em therpol, somos com isso a primeira empresa no mundo a usar therpol em calçados. O therpol é uma tecnologia lançada recentemente, um pouco antes da pandemia e foi uma grande sacada da empresa brasileira Proquitec S.A. É genial! Chamamos o therpol de plástico do futuro mas não é plástico, é a borracha natural injetada a frio. Este é um produto maravilhoso e nós ficamos muito felizes quando iniciamos essa parceria. A durabilidade do therpol é incrível, extremamente superior ao PVC, ao TR e é borracha 100% renovável e reciclável.

Onews: Como se dá o relacionamento da Bioshoes com seus clientes na propagação do produto eco sustentável?

O que é muito importante para nós é a qualidade da Bioshoes, trabalhamos de forma muito diferente. Nós tratamos individualmente as nossas clientes com muito carinho, 90% das nossas vendas é feita pelo site e pelo WhatsApp. Gostamos desse relacionamento mais aproximado. Nós não temos uma cliente sequer que tenha comprado uma única vez Bioshoes, todas repetem a compra e isso é um fenômeno para nós.

Temos uma amizade com as nossas clientes onde dividimos inclusive seus dia a dias. Nossas clientes se tornam nossas amigas e ser sustentável é isso, não é só vender um produto que tem tecnologia renovável. É um conjunto, a forma como tratamos a nossa pequena equipe, nossas amigas consumidoras e os nossos fornecedores. Acordamos motivados e vamos continuar. Até quando o Eterno Soberano nos permitir faremos esses produtos e evoluiremos.

Temos uma gama de projetos inovadores que ainda serão lançados sempre focados em tecnologia sustentável e conforto.

 

“A mensagem que eu quero deixar aqui é que o Planeta Terra não aguenta ser mais maltratado. Tudo o que você puder fazer para amenizar o sofrimento do Planeta Terra, deve fazer. É o que eu tenho a pedir para você. Consumo consciente é fundamental; se você não precisa de um produto não vejo a necessidade de compra-lo. E quando for comprar, compre um produto que respeita e cuida do meio ambiente. Desejo à todos um final de ano maravilhoso e um 2021 próspero e abençoado.” Fernando Mello

 

 

Fernando Mello, fundador da Bioshoes

 

Onews: como está o período de pandemia para bioshoes?

Fernando Mello: A pandemia foi uma coisa inesperada abalando a estrutura do mundo todo em todos os setores e aqui não foi diferente entretanto em relação ás vendas, elas aumentaram visto que a bioshoes é um produto muito gostoso para ficar em casa, parecendo que você está descalça. Permanecemos com todos os cuidados com nossos colaboradores.

 

Alba Mello, Raul Julia de Oliveira Mello e Fernando Mello, a família na liderança da Bioshoes

 

 

Therpol sendo preparado
Couro sendo cortado
Couro sendo costurado
Solado sendo preparado
Therpol sendo colado no calçado
Embalagem econômica